Filosofia onde estás tu?

8 comentários:

Anónimo disse...

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Afluentes Do Silêncio disse...

Boa pergunta!...
Neste mundo tão conturbado, tão abalado nos seus alicerces - que são os valores, - os grandes pilares que sustentam a nossa forma de nos orientarmos e de agirmos no mundo, que nos indicam um caminho seguro a prosseguir nesta tão conturbada casa global,- faz todo o sentido perguntar: Filosofia onde estás tu?
Sim a Filosofia e não a economia que não dá conta do recado para as necessidades mais prementes do ser humano.Nem a política que, ideologicamente, se foi esgotando em discursos inúteis e anacrónicos, não deixando outra saída para as novas gerações senão um mar de desilusões e um inexorável cepticismo face às relações que o ser humano mantém com a Polis, no sentido de lutar pelo bem comum, pela justiça, ou, como queria Sócrates, pela Virtude...Não faz sentido perguntar hoje, Filosofia onde estás tu? Mais do que nunca, ela hoje é necessária! Nem que seja só para um perguntar..."a um rosto podem pôr-se duas espécies de questões, segundo as circunstâncias: em que pensas?Ou então:O que é que te preocupa, o que é que tens, o que é que sentes?(Gilles DELEUZE).Sem resposta?!!!Que seja!...
Que sirva só para perguntar:Filosofia onde estás tu?

tsm disse...

Qual é a "utilidade" da filosofia?
Este é o primeiro impasse, de uma sociedade marcada pela busca dos resultados imediatos. Então, é considerada importante a pesquisa do biólogo na busca da cura do câncer; na escola o garoto pergunta para que estudar isto se não vou aplicar na minha profissão?

Neste contexto, a filosofia seria "inútil": não serve para resultados imediatos. Mas afinal o que é filosofia? Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se.

Quer dizer é a capacidade de problematizar, o que marca a filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca. Para o filósofo alemão Kant, (Sc Xvll) "não há filosofia que se possa aprender: só se pode aprender a filosofar".

Isto significa que a filosofia é sobre tudo uma atitude, um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído.

A filosofia nos ensina a pensar criticamente é decidir racionalmente no que acreditar ou não acreditar. É usar nosso pensamento racional e ponderado para obtermos melhores resultados nas atividades que desenvolvemos no mundo. É saber julgar proposições, argumentos e opiniões e, através de investigação ativa, obter justificações para nossas decisões e crenças.

"Criticar" vem do grego "krísis, -eos, é", que significa o "exame"; o "crivo"; o "julgamento"; logo, a crítica provoca uma tensão como num julgamento, onde não sabemos para que lado penderá o nosso juízo , um conflito e, às vezes, uma ruptura com os parâmetros já estabelecidos pelos sistemas anteriores. O pensamento critico também é uma das principais formas de obtenção de conhecimento.

A filosofia espírita entra exatamente neste contexto com suas perguntas: Para que serve isto? De onde viemos? O que é o espírito? Ele existia antes do nascimento ou passou existir após este? Onde estava antes?

Por isso o espiritismo incomoda, pois é racional une Ciência, Filosofia e Religião em um corpo doutrinário que tem como principio a dúvida e o livre pensamento.

Não diz a ninguém, que fora de seus ensinamentos não há salvação.

Diz que somos livres e que responderemos pelo uso desta liberdade.

O Espiritismo é uma doutrina sobre o mundo dá nos a sua interpretação e nos mostra como nos devemos conduzir nele. É o pensamento debruçado sobre si mesmo para reajustar-se à realidade.

Poderíamos a riscar a dizer que o Espiritismo é a doutrina dos filósofos, o que quer dizer filósofo?

A palavra "filósofo" é uma palavra formada por dois termos gregos que são: "filo" "sófo". "Filósofo", portanto, vem do radical "fílos, -ou, ó", que significa "o amigo", acrescido do adjetivo "sofós, é, ón", que significa "sábio". Mas como o radical "filo-" tem o mesmo radical do verbo "filo, filei-", que significa "amar"; "eu amo", e o Adj. "sofós" tem o mesmo radical que "sofía, as, é", que sig "sabedoria", então podemos traduzir a palavra "filósofo" por: "o amigo da sabedoria", ou "o que ama a sabedoria", ou "o amante da sabedoria". O filósofo, portanto, não é um sábio, mas é o que ama o saber porque ama a sabedoria.

Em decorrência disto à palavra "Filosofia" significa "amor à sabedoria", uma vez que é formada por "filo" "sofia", e pouco tempo depois este conceito de "amor pela sabedoria" se confundiria com o próprio termo sabedoria.

Conclusão: o termo "Filosofia" significa amor à sabedoria ou, simplesmente,sabedoria.

Talvez isto que Jesus quis dizer com conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Para conhecer é preciso humildade de dizer eu não sei ou como afirmou; Sócrates só sei que nada sei, ai começa a busca pela verdade.

Nisto reside a utilidade da fílosofia despertar o amor á sabedoria pois o verdadeiro "diabo" é a ignorancia.

Anónimo disse...

A inutilidade da filosofia é comparável à da música, da poesia,da pintura,das artes em geral. Podemos viver sem elas... não viveremos é tão bem!!

Cândida Novais

Afluentes Do Silêncio disse...

A necessidade da Filosofia!
Perguntar pela necessidade ou utilidade da Filosofia... penso que é uma questão sem sentido!Passo a explicar: Quando se fala em necessidade temos de perguntar que tipo de necessidade é esta quando nos referimos à Filosofia... Se queremos significar que necessidade é algo que não se tem e se quer adquirir,então estamos diante daquilo a que se chama de necessidade extrínseca, isto é, uma necessidade que me leva a querer algo que eu não tenho mas que gostaria de ter.Penso que não é desta necessidade que se trata quando falamos da necessidade da Filosofia. Contudo, há uma outra necessidade diferente da anterior,a que chamamos de necessidade intrínseca. Esta sim, é a que se reporta à Filosofia. A necessidade intrínseca é uma necessidade que faz parte integrante da essência do ser. Assim, o ser humano, entendido como ser racional, possui uma necessidade intrínseca, que é a necessidade de pensar...Então, não faz sentido dizer que o ser humano como ser pensante que é, necessita da Filosofia! Não, como ser racional que é, cuja essência é aquilo que faz dele aquilo que ele é, o de ser racional, então, perguntar se o ser humano necessita da Filosofia como necessidade do pensar, não faz sentido.Porquê? Porque o pensar já faz parte da sua essência, daquilo que ele é: ser pensante! "Não se pergunta a um pássaro se tem necessidade de voar ou a um peixe se tem necessidade de nadar"(Ortega Y Gasset)... Também não se deve perguntar ao ser humano se tem necessidade de pensar!Porquê? Porque faz parte da sua essência o pensar, que faz dele aquilo que ele verdadeiramente é: um SER PENSANTE...

Maria João Moutinho disse...

Filosofia em acção.
Que tal o conhecimento perspicaz de que 2+2=4? É uma afirmação analítica, verdadeira por definição? Parte do que queremos dizer com «4» é que é a soma de 2 e 2? Ou é sintética? Dá-nos um conhecimento novo acerca do mundo? Chegámos a ela contando duas coisas e depois contando mais duas coisas e depois contando uma pilha inteira? Esta última é a abordagem escolhida pela tribo voohoona no interior australiano.
Um voohooni diz a um antropólogo ocidental que 2+2=5. O antropólogo pergunta-lhe como é que ele chegou a essa conclusão. O membro da tribo responde:
-Contando, é claro. Primeiro, dou 2 nós numa corda. Em seguida, dou mais 2 nós noutra corda. Quando junto as 2 cordas, tenho 5 nós.

Mudando de continente, num certo país europeu, uma tribo lusitana dos tempos modernos, habitando para os lados de São Bento,tem outra versão: 2+2=0. Um matemático ortodoxo, estupefacto, perguntou ao chefe da tribo como era possível esse resultado, ao que ele respondeu:
- Sem plafon tudo o que resulta de 2 e 2 traduz-se em fundo perdido.
E assim, pela perspectiva pragmática, chega-se à conclusão que a verdade de uma afirmação reside nas suas consequências práticas - escolhemos a nossa verdade pela diferença que ela fará na prática. Nisto consiste pensar sofisticamente.

Anónimo disse...

Filosofar é abrir-se para o novo e aplicar-se ao debate, em busca dos próprios critérios. Fechar-se à filosofia é manter-se alienado. Podemos retomar as palavras de K. Jaspers (1973): "muitos políticos vêem facilitado seu nefasto trabalho, pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas tão-somente usam de uma consciência de rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante". Ou que a filosofia seja apresentada como algo sem sentido ou perda de tempo.
Resumindo podemos dizer que a filosofia não é útil, no sentido que as pessoas possam pegar, usar, manipular. No entanto a filosofia é necessária para mantermos um processo crítico sobre todas as informações e realidades que nos são apresentadas. A filosofia fornece instrumentos para que sejam superadas posturas dogmáticas ou visões estreitas sobre a realidade ou dimensões específicas do quotidiano ou da vida. A filosofia é uma importante ferramenta para gerar o novo e fazer o novo renovar-se num processo constante.

Maria João Moutinho disse...

Filosofia com humor...

O Universo tem um objectivo?
Segundo Aristóteles, tudo tem um telos, quer dizer um objectivo interior que deve ser alcançado. Uma lagarta tem um telos: uma borboleta. Os humanos também têm um telos: a felicidade, diz o filósofo de Estagira. Dentro da espécie, o filósofo tem um telos: a verdade. Já para um sofista, o telos é o poder conseguido com o domínio das artes político-retórica e de fazer dinheiro. Um hedonista do século XXI tem como telos o máximo prazer sensível. Por sua vez, o telos de um hipócrita é ser o que jamais pensa ser capaz de ser.
As piadas sobre o telos da vida multiplicam-se a par das heterogeneidades humanas que farão o filósofo duvidar da possibilidade da verdade universal. Significará isto o triunfo do relativismo, da pseudo-ética aplicada e do materialismo? Das duas uma, ou Aristóteles errou ao definir o telos da vida humana ou a felicidade que muitos apregoam não passa de um embuste.
Esta é uma questão incómoda, mas quem sabe exercerá o efeito do «insulto» socrático e, nesse caso, será sempre bem vindo.